domingo, 8 de agosto de 2010

O começo de tudo

Atrasamos. De novo, para variar. Culpa minha dessa vez, confesso. Segundo dia de Congresso da Abraji. Primeira palestra, a que eu mais esperava.

Esperava que seria ótima, já que falava sobre correspondência internacional (a área que eu quero).

Esperava que tremeria dos pés à cabeça, já que estaria na mesma sala, a poucos metros de três jornalistas incríveis (Adriana Carranca, Fábio Zanini e Lilia Teles).

Esperava que ficaria emocionada, já que se tratava de uma tragédia (a do Haiti).

Não esperava, de forma alguma, que fosse mudar a minha vida da maneira que mudou (e que me daria um dos melhores planos que já fiz).

Como todos os meus sonhos/planos, esse começou sem pretensões, com um simples pensamento, uma vontade: ˜Quero ir ao Haiti. Por que não?"

Acho importante fazer um parênteses aqui para contextualizar minha situação: há tempos estou desanimada com a universidade (com a universidade, não com o jornalismo, como já aconteceu antes). Por isso, vou a todos congressos, encontros, palestras e projetos que encontro pela frente. Para tentar me animar um pouco e me dar um gás para continuar. Nos últimos meses, cogitei a possibilidade de trancar o curso por um semestre para ir para algum país fazer algum tipo de trabalho voluntário. Vi projetos por todo o mundo: do Peru a Israel, de países da África à Europa oriental. Apesar de serem todos projetos maravilhosos, nenhum deles se encaixava exatamente como o que eu queria, com o meu perfil.

Foi então que aquele pensamento sobre o Haiti cruzou minha cabeça, quando a Adriana Carranca, repórter do Estadão que esteve lá 3 meses após o terremoto, relatou como falta trabalho voluntário eficiente e como as ONGs que lá atuam não exatamente estão preocupados com o desenvolvimento e a reconstrução do país a longo prazo.

Não sei bem como explicar o que eu senti, só sei que naquele momento tive a certeza de que eu precisava ir. Deixou de ser uma vontade e passou a ser uma necessidade.

O motivo, bem, não é somente profissional (ter a possibilidade de escrever uma série de reportagens e sentir na pele o que é ser jornalista internacional) nem somente pessoal (ter aquele choque de realidade que todos precisam, mas poucos tem essa oportunidade). São os dois motivos juntos.

Então, decidi ir. Escrevi o projeto, fiz um calendário e uma estimativa de orçamento. Entrei em contato com a Embaixada do Haiti em Brasília, mandei mais de 30 e-mails a pousadas e hotéis em Porto Príncipe. Contactei amiga de amigo, CouchSurfing friends, ONGs e autoridades. Descobri as vacinas que tenho que tomar, as roupas e equipamentos que vou levar. Conversei com minha orientadora de extensão e a coordenadora do curso (que, aliás, são a mesma pessoa).

Sei que ainda falta muita coisa por fazer, muitas respostas para aguardar, muitas pessoas para conversar. Mas não pude segurar meu coração de dar um salto enorme no momento que meus pais deram o sinal verde.

Aprovada a minha grande enorme aventura, agora é partir para os preparativos.

Faltam 30 dias, pessoas. 30 dias!

Nenhum comentário:

Postar um comentário